ANA ACTO

Ana Acto fala da sua vida e obra

Ana Isabel Correia Acto, nasceu a 5 de abril de 1979 na cidade templária de Tomar.

Aos oito anos de idade, mudou-se para Setúbal, cidade que a acolheu e tornou sua, e onde reside atualmente.

Em abril de 2018, abre uma página de autora nas redes sociais à qual dá o seu nome “Ana Acto”, e onde partilha sua poesia, crónicas e outos escritos.  Escreve sobre amor, esperança, perda, sensualidade e vida. Participante ativa como coautora, entrando já em mais de duas dezenas de obras coletivas (coletâneas, antologias e livros de poesia). O que a levou já a ser entrevistada em vários programas de rádio e Tv.

Em 2020, lança nas redes sociais, o seu primeiro livro de poesia, a que dá o nome de “NUA”, uma obra que despe o leitor de preconceitos, e o confronta com emoções que tantas vezes recalca.  

Atua também como cronista nas revistas, Leia Vicejar e Helicayenne Magazine.

Para além da escrita, desenvolveu gosto noutras áreas, tendo tirado diversas formações em terapias holísticas e alternativas, tais como Terapeuta Multidimensional e Angélica.

Assume-se como uma mente inquieta, em constante aprendizagem e evolução.

POEMAS DE ANA ACTO

Poema ” Trevo de três folhas” dito pela poetisa

Poema “Eu” dito pela poetisa

Encontro no silêncio as certezas

 

De nenhum saber

Todo o ar se me falta no peito

E todo o sangue se me esvaiu

O céu, tingiu-se de cinzento

Cego a meus olhos

E todos os caminhos

Me levam a lugar algum

Estranho sentir o meu

Caduco, como o tempo que me acompanha

Nem amor, nem desamor

Nem nada que me valha

Me recolho nas sombras

Desconfortável à Luz

E não me sou

Quando terá caído a última pétala da rosa

E se consumado a maldição

Que me torna o belo, em medonho…?

Que se rasgue o céu

E me devolva minha condição

Para que em minhas palavras

De novo transpareça

Todo o Amor, que delas se ausentou

E a fé, que me privou

Da esperança…

VERSOS

 

Entrego meus versos ao vazio

À noite desprovida de emoção

Ocos, mudos se retraem

Nas horas negras de provação

Soubessem eles ser consolo

Amantes…inspiração

E meu corpo lhes entregaria

Despido, em sacrifício

Fosse eu musa

Me fizesse neles vício

E talvez se soltassem

Em amor ou erotismo

Ah…mas a noite é egoísta

E surdos, só a ela obedecem

E a mim…

No abandono me esquece

E em exaustão me adormece…

SOUBESSE O TEMPO

 

Pendem-me nas pálpebras todos os cansaços

De meus olhos, apenas uma pequena nesga de brilho se lhes rebela

Desenham-se-me na íris todos os tormentos

Que em minha expressão se espelha

 

Em cumplicidade

Também meus lábios se lhes juntam

E se cerram conformados

Saudosos de todos os momentos

Em que em loucura foram por ti beijados

 

O tempo se escusa a seguir a meus lamentos

Sucumbindo em protesto lho peço

Mas me exorta a despertar

Me leva a ver o mar

E a sentir em meu rosto a brisa do vento

 

Ah, soubesse ele ….

Como eram os beijos dos lábios do meu amor

Se sentaria comigo na areia

Condoído da minha dor

QUE AMOR ME ENCHE O PEITO

 

Que Amor me enche o peito

A Menina, ainda o sonha

Cheio de cores outonais

Desfolhando as quimeras

Ousando o toque

Aflorando em lábios carmim

A Mulher, o desacredita

Das chapadas violentadas

Com que lho arrancaram

Amor…

A Poeta, o sonha e idealiza

Entre a menina e a mulher

Utopia e vida

Não lhe cabem as glórias

Os voos da primavera

Nem o desabrochar da rosa

Não transpõe a crueza

Que lhe tirou a pureza com que se entregou

Mediadora, delineia a paz entre as duas

De linha em linha

Expõe suas virtudes, agruras e azedumes

Confettis e corações

Na esperança de o amor

Ao ser confrontado e exultado

Se derrame em suas letras

E se padeça de seu passado

QUE MÃO SEGURA A PENA

 

Que mão segura a pena

Com que escrevo esta noite
Que forças a regem
E a levam a levitar sobre o papel

Não me reconheço nas letras
Que juntas conspiram
Quais poetas regentes
Que passado o seu tempo
Ficam nas palavras imortalizados

Que mão segura esta noite
Angelical?  Alma perdida?
Versos que me saem a sorte
Gentis, do peito em despedida

E sou Florbela, amor à morte
Lanço as runas, espero em vida
Não sou eu que aqui me deponho
Em célere profusão de enigmas

Nesta noite, minha mão é mediadora
Da invadida mente à pena
E com pena me sentencio
De não ser eu a portadora
Da inspiração que me precede

SABES-ME

 

Sabes-me…

Nas horas tardias desperta

Aclamando a madrugada

Qual novo poeta

Sentindo, o silêncio adormecido

E o cheiro do renovar vespertino

Sabes-me…

Ainda assim, inquieta

Neste meu jeito inconstante

De me fazer sentir

De te fazer sentir

Já eu, nem te sei o credo

Nem os medos, nem os segredos

Nem tão pouco a razão

Que te faz querer saber-me

Soubesse eu que me sabias

E sentias na minha estranheza

E minhas insônias se fariam

De solitárias em alegorias

Ricas e simbólicas

Sabes-me…

De um modo que nem eu me sei saber

Talvez seja amor

Ou talvez apenas sejamos pares

Partilhando sem nos sabermos

Divididos pela dor

SEGURO NAS MÃOS O CORAÇÃO

 

Seguro nas mãos o coração
E o alinhavo, com pontos incertos
Embora com cuidado cirúrgico
Me saem desconexos

 E sei,
Que não sairá ileso
Dos golpes infligidos
O suturo na esperança
Da sua absolvição
Mas dorido, só me condena
Da sua trágica sorte
E me renega à condição

De nómada e solitária

 Antes fosse condenada à morte
De um só golpe de fria espada
Que viver num corpo estéril
E nele… de amor ser privada

EM MIM

 

Sinto no peito

As dores de parto

Como se algo se abrisse

E rasgasse dentro de mim

Onde andas? Nada sei de ti…

Nem de que são feitos teus silêncios

Nos meus, adormeço

Recolhida em berço

Tentando voltar ao ventre quente

Onde ainda não me “doías”

Nada sei de ti…

Te guardei em meu coração

E o fiz abrigo

E te levei comigo por onde andei

A tua mão sentia na minha

Como teus passos junto dos meus

Todas as noites comigo te deitavas

Assim como todas as manhãs

Comigo acordavas

E quem me via por aí

A rir e falar ao ar sozinha

Feito louca

Meu amor…

É apenas porque não sabia

Que te trazia sempre em mim

Por companhia…

Insónias

 

Tenho dias em que mundo me cai aos pés

E todas as vidas se fazem em meu corpo carne

Sou assaltada por memórias

Retratos fragmentados de passados que não são meus

Tenho noites, em que o mundo me adormece nos braços

E sou mãe, que desperta o acolhe

Consola das tormentas e o adormece

E me fico na insônia

Revolvendo mundos, estórias e parábolas

Tenho horas, que se fazem cura ou maldição

Que decido a vida e a morte

Que sou e que deixo de ser

Num impasse entre aqui e outra dimensão

Onde vou, ficando

E onde estou sem estar

Tenho momentos, em que meu corpo se faz altar

Onde rezo e me renego

Entre a crença e a dúvida

Dias incertos, noites insólitas

Onde tudo e todos me são

Pudesse eu lhes conceder graças

Pudesse eu lhes conceder perdão

Tenho dias, tenho noites, tenho horas e momentos …