LUÍS FILIPE ESTRELA
POEMAS DE LUÍS FILIPE ESTRELA
Eu canto…
A Lusa fatalidade
Destino que se cumpre neste Fado
Qu’ é feito de esperança e de saudade
Na Sina deste povo abençoado
Tristeza…
É sinal de bem querer
Viver, sem mordaça nem algema
País à beira-Sonho que nos quer
Liberto nas palavras dum poema
Eu canto…
As manhãs que vão cantar
Um Fado feito novo por medida
Com versos ainda por inventar
Nos cadernos misteriosos desta Vida
O Sonho…
É sinal que não demora
Na Roda a girar do sentimento
Que em Portugal, por Amor, se faça a Hora
No Eterno impermanente do Momento
(in facebook 24 de janeiro de 2020)
Há nos olhos de Deus
Universos de luz
Festejando nos Céus
A vitória da Cruz
Assim é o segredo
Por dentro marcado
Afastando o medo
Do mistério do Fado
Ai…
Há nos olhos de Deus
Lindas constelações
Destapando os véus
Que cobrem corações
Assim é o fascínio
Que a alma extasia
Cumprindo o desígnio
Da mais alta Poesia
Ai…
Há nos olhos de Deus
Da vida o esplendor
Anseios meus e teus
Do milagre do amor
Assim é o destino
Que ao eterno conduz
Do velhinho ao menino
Em nome de Jesus
(in facebook 26 de janeiro de 2022)
Lagrimas Minhas
Lágrimas de Amor
Lágrimas de dor
Lágrimas…
Vindas da Alma
Lágrimas vertidas
No corpo sentidas
Lágrimas…
Que a mágoa acalma
Sou um sonhador
Sedento de amor
Lágrimas…
Que no rosto enfrento
Sou um sofredor
Ajuda-me Senhor
Lágrimas…
Que matam por dentro
Ai…
Lágrimas divinas
Mesmo pequeninas
Lágrimas….
Que choro por ti
Lágrimas de adeus
Pedindo a Deus
Nos mistérios seus
A paz que eu perdi
(in nfacebook 26 de janeiro de 2022)
Sou ateu, não praticante
Religioso sem credo
Antes, agora,durante
Nesta Vida sem ter medo
Sou assim, sou como sou
Em plena contradição
Caminho, sei pra onde vou
Nas asas do coração
Sou ateu, graças a Deus
Religioso sem seita
Filho dialecto dos Céus
Que a si mesmo se aceita
Sou assim de mim Senhor
Vivo no fio da navalha
Minha religião o Amor
Santo Deus que não me falha
(in facebook 26 de janeiro de 2022)
Sem guitarras não há Fado
Não há Fado sem poesia
E Fadistas lado a lado
Do mistério consagrado
No Fado de cada dia
Ai…
Sem violas não há Fado
Não há Fado sem silêncio
E Fadistas sem passado
No presente anunciado
Neste Fado a que pertenço
Ai…
Sem paixão e sem ternura
Não há Fado que nos valha
No limite da loucura
Na noite de quem procura
Viver no fio da navalha
Ai…
Não há Fado não senhor
Sem a lusa chama acessa
Em tom menor o maior
Fado castiço e de amor
Ai…na alma portuguesa
(in facebook 26 de janeiro de 2022)
” meio pão e um livro”
para a fome matar
ser Eu não cativo
e saber separar
separar o trigo
do joio que não presta
” meio pão e um livro”
para fazer a festa
a festa da vida
por dentro da Alma
de forma sentida
com ternura e calma
a calma perfeita
que nos mata a fome
e sempre nos espreita
esperança o seu nome
um nome sagrado
passando no crivo
deste nosso Fado
Ai…” meio pão e um livro”…
(in facebook 27 de janeiro de 2022)
Há Tempo e tempo…
Há um Tempo …
para lá do Tempo
Que por dentro
Vem iluminar
O fugaz e eterno momento
Que teima em passar.
Há um tempo..
de antes e agora
Outro tempo
que virá depois
Pra fazer aqui aquela Hora
Do Amor em nome de nós dois
(in facebook 28 janeiro de 2022)
TERRA
Ó visível solidez oposta aos Céus
Máxima cristalização dos Querubins
Obscuro ventre receptivo e quente
Eterna Mãe zeladora de paciente seio
Na abismal caverna de espanto em flor
Ó Virgempura intocável e casta
Senhora do aconchego e dos afagos
Exílir precioso nutritivo e forte
Feito de raízes memórias e silêncios
No húmus de um olhar… sempre em nós presente.
(in “Entre as Palavras e o Silêncio”)
PRIMORDIAL PIMAVERA
Há na ancestral origem um precipício
e um sonho primogénito da vontade
eclodindo no ventre a semente do início
feita de flores e raízes da Saudade
Há nas sílabas dos meses a promessa
e um grito de silêncio em tom maior
unguindo com a espada a cabeça
das coroas de quem reina por Amor
Há na solidão perfeita um só olhar
e um poema que anuncia a Nova Era
com olhos de madrepérola por inventar
na fonte abençoada da Primordial Primavera
(in “Entre as Palavras e o Silêncio”)