ANA MAR

Ana Mar, pseudónimo para Anabela Pereira Fernandes Bastos, nasceu num dia 13 (e gosta de acreditar tratar-se do seu dia de sorte) do mês dezembro do ano de 1969, ano marcante em que se dá um “grande salto para a Humanidade”!

Tendo nascido no coração da Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta cidade do Porto (Paranhos), com apenas três meses acompanha os Pais e a Avó Paterna, a sua maior e mais significativa referência familiar, para Santa Maria de Bouro, no Gerês, onde irá permanecer até completar sete anos de idade. Por esta altura, irá regressar ao Douro Litoral, ficando a viver em casa dos Avós Maternos, na cidade da Maia, onde irá permanecer até aos 12 anos. Ao completar os 13 anos encontrava-se já a viver na Grande Área do Porto (Matosinhos), onde terminará os estudos secundários, na Escola Augusto Gomes.

A sua paixão pela História é precoce, sendo algo marcante e partilhado no seio familiar, sendo o ensino uma área bem determinada.

Assim, é na Universidade do Minho (Braga) que faz a Licenciatura em História e Ciências Sociais e, mais tarde a Pós-Graduação em História e Cultura Medievais.

Atualmente frequenta a Pós-Graduação em Gestão de Bibliotecas Escolares no ISLA-Gaia.

Docente desde 1994, lecionou tanto no Ensino Público como no Privado, passou por mais de uma dezena de escolas e é na Escola que se sente “em casa”, tendo adotado o lema na Escola Com o coração, encarando o sucesso do processo de Ensino/Aprendizagem como altamente dependente dos laços e emoções que se estabelecem no seio de toda a Comunidade educativa.

Desempenhou funções como Professora Bibliotecária nos últimos quatro anos, na Biblioteca Escolar Elisa Mota, do Agrupamento de escolas de Valbom, dando prioridade ao desenvolvimento das competências da escrita criativa; leitura e escuta ativas; hora do conto; recriações históricas; concursos de criatividade e sustentabilidade; trabalho colaborativo e cooperativo….

POEMAS DE ANA MAR

Entrelaçar 

 

Perdida na imensidão dos sentidos

Sou a tese e a antítese de mim

Estou de novo à deriva… 

Pois não posso ir mais além

 

Vejo-me a entrelaçar… 

Dando nós no meu peito

Não consigo desfazer laços

Deixar para trás o que foi feito

 

Sinto-me acorrentada à vida

Me prendo com finas correntes

São frágeis laços, eu sei…

Mas me fazem sentir viva

 

São apenas uma doce ilusão

De pertencer a alguém

E ainda assim achar…

Que se é livre também!

 

14 de Fevereiro de 202

Anjo caído

 

Não sei bem quando

Não sei bem como

Muito menos os porquês

Mas nalgum momento caí

Se já não tinha asas!?…

Não sei, nunca as vi!

Mas durante o voo que emprendi

Algures no tempo

Minha alvura

enegreceu

A aura que me protegia

desapareceu

E num voo planeado fui

voando

Até que de repente me vi

caída

A inocência que me envolvia

acabou

E de repente o meu paraíso

submergiu

E no submundo

mergulhei!

 

A queda foi dura

O peso que não sentia

Repentinamente tomou conta de mim

E por pouco não me esmagava

Mas minha alma foi mais forte

E tendo o amor como suporte

Superei a queda

Levantei-me do chão

Sacudi a podridão

Me agarrei à esperança

E de novo acreditei

Bati asas e voei

E aqui estou

Pronta para voltar a sonhar!

 

1 de Junho de 2021

Queimar a vida

 

Procuro viver intensamente

Pois não sei viver doutra maneira

Mas vivendo assim me condeno

Vivo a vida queimando a falsidade

Abominando a hipocrisia que me rodeia

Armada em paladina da verdade!

 

Apesar de saber que nada sou

Continuo a querer ser tudo

Quero almejar a eternidade

Essa que não é tangível

Mas continuo a correr, desesperada

Tentando alcançar aquilo que não é viável!

 

E continuo queimando a vida

Pois não quero viver para sempre

Quero sim, viver aqui o momento

Nem que para isso a vida termine agora!

 

E prossigo buscando o intemporal

Querendo não ser princípio nem fim

Como se não soubesse o castigo

Do que é ser-se reles mortal!

 

O meu ser insignificante

Nada quer neste mundo material

No entanto, prossigo  alienada

Querendo a lua no céu e o mar na terra!

 

Pois nada quero…

Mas nada me basta…

O pouco não me conforta

E por isso mais nada me resta

Do que render-me à crua realidade!

 

Dia 26 de Maio de 2021

Era a saudade! 

 

Era o dia que se ia

Era a noite a nascer

Contemplado esta magia

Abri meus braços ao céu

Sentindo que a chuva caía

Me senti abençoada!

Abri a boca com sofreguidão

Sentindo as gotas que caíam

Lambi meus lábios sequiosos

Desejosos dessa chuva, carentes

Mas as gotas não apagaram

O fogo que em meu peito me consumia!

Olhei de novo para o céu imenso

De olhos cheios de esperança

Não havia espaços vazios

Pois toda a natureza o preenchia

O céu imenso, de cor laranja!

 

Perante aquele espetáculo ímpar

Com a alma em plena sintonia 

E com os olhos rasos de água

Que no meio daquela magia

Não consegui entender 

Se a água era doce ou salgada

E no meio da escuridão que se impunha

Ninguém conseguia perceber 

Se meus olhos choravam de alegria

Ou de tristeza por não ver…

E na plenitude do sentir

Aquilo que é impossível de se ver

Os raios antecipavam no céu escuro

Flaches de profunda claridade

Que no meu peito tatuaram

A palavra saudade!

 

Dia 12 de Junho de 2021

Falsa calmaria

 

Uma falsa calmaria me atormenta

Em sobressalto me fico até ser dia

Sentada, atenta mas alheia, olho à minha volta…

O pensamento vagueia num tumulto

 

De olhos pregados num olhar

Vislumbro através da transparência

Será do vidro ou da alma!?

Ou serão ambas!?…

 

Num assomo instantâneo de agitação

Eliminando o curto espaço que nos separa

Sorrisos, olhares e poucas palavras

Um abraço forte que parece não mais acabar!

 

O planeta girou mais apressado

Fiquei de cabeça para baixo

O meu mundo ficou do avesso

E esse momento cristalizado!

 

Ambígua sensação de momento

Em que o tempo parece ter parado

Mas o meu corpo colado ao teu

Jamais de ti se descolou!

 

Serpenteando teu corpo..

Lábios colados sofregamente

Me erguendo aos céus sem pudor

Como se o paraíso nos fosse engolir

 

Tua pele na minha

Teu cheiro como meu

Se confundindo atmosferas

E nunca mais fui senhora de mim!